terça-feira, 31 de maio de 2011

Ele era diferente

Ela nunca pediu por um amor que a comparasse com as estrelas, com o sol e o luar. Nunca precisou de cartas entediantes dizendo sobre as flores e o mar. Nunca se interessou pelas coisas melosas, previsíveis ou decoradas. Sempre achou isso um tanto quanto superficial. O superficial... Não, nada disso! O que ela sempre quis foi sinceridade. Sentimentos baseados no coração. Só isso a interessava. Só precisava ser verdadeiro. Só precisava ser AMOR (amor, não derivado!). Todos os dias, com todas as forças… E nem precisava amá-la mais do que ela amava, apenas precisava amá-la com todas as letras. Fazê-la sentir o que ainda não sentiu. Ela queria alguém que estivesse lá quando todos os outros tivessem partido. Só isso que queria. Foi só isso que sempre quis durante sua vida toda.
E ele era diferente.
Ele era diferente de tudo o que ela conhecia.
Talvez fosse por isso... Ela o queria muito. Tipo uma criança querendo abraço depois que esfola o joelho. Tipo a gente querendo chuva depois de um mês de sol ou desejando tomar água no deserto.
Ele era diferente, ele era imprevisível. E era principalmente por isso que ela gostava tanto dele. Ele era do tipo que cochichava um “eu te amo” no meio de uma sessão de cinema. Era do tipo que puxava ela no meio da noite pra dormir abraçada com ele. Ele também tinha o poder de fazê-la rir sem precisar pronunciar uma palavra. Ele era do tipo que mandava cesta de presente e falava coisas lindas quando ela menos esperava. Tudo sempre acontecia quando ela menos esperava. Sempre! E ela amava isso. Ela que esperava sempre tão pouco se surpreendia todos os dias. Eles juntos podiam ser eles mesmos, com a segurança de que se conheciam o suficiente para amar e não se importar com coisas bobas. Era o amor, o velho amor. Um amor simples, descomplicado e sincero.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Caleidoscópio

Quase 200 dias tentando se livrar de caixas velhas. Teimando em não apagar lembranças. Usando roupas que não lhe cabiam mais. Em vão. Tentou esquecer com "amor" o que deve ser esquecido com dor. Pior. Bem pior!

A festa era pouco convidativa. Todos os convidados vestidos em preto e branco. Começou a segunda dança, a música tocava e fazia dançar com passos rápidos... No começo. Depois, se tornou lento, muito lento. Demasiadamente lento... E chato. O coração ainda batia, mas amar era uma façanha tão comum como um dia frio em L.A. Cansou-se e sentou-se. Sem dor nos pés, sem se aborrecer. Apenas sentou.

De repente tudo estava calmo. Estranhamente calmo! Tudo estava bem. A festa já estava na metade. Então, como uma explosão de cores, alguém entra. Não, não entrou! Já estava ali. Só agora pôde ver. Houve, realmente, uma explosão de cores ou adquirira olhos de caleidoscópio?

Começou a dançar novamente. A cada movimento, combinações variadas e agradáveis de efeito visual. A música era mais lenta, porém intensa. Diferente. Melhor que a segunda. Aliás, essa nem contava. O importante é que queria que aquela durasse para sempre. Prometeu que jamais magoaria novamente alguém que amasse. Prometeu que seria fiel a si mesmo. Prometendo coisas agora? Sim, e promessa tem que ser inteira, senão perde a força.