quarta-feira, 21 de julho de 2010

Boats and Sailors

Esse texto foi escrito faz um tempinho,estava perdido por aqui. Preciso saber se vocês gostam, porque não tenho opinião formada sobre ele.

"Somos donos de nossos atos, mas não donos de nossos sentimentos; Somos culpados pelo que fazemos, mas não somos culpados pelo que sentimos; Podemos prometer atos, mas não podemos prometer sentimentos. Atos são pássaros engaiolados, sentimentos são pássaros em vôo." Mário Quintana


Para cada pessoa há um porto seguro. Você chega devagar. Atraca seu barquinho e vive feliz por um tempo. Geralmente, se acomoda e acha que pra sempre será seu lugar seguro. Acha que morar ali é o bastante. Dessa forma, começa a construir uma vida confortável. É tudo perfeito. Aquele lugar tem tudo o que precisa, então você o ama. Pronto! Você tem seu pedacinho de mundo. E vive nele, cuida dele, se apega fortemente a ele. Como se aquilo fosse tudo. Fica tão acomodado que não percebe que poderia encontrar lugar melhor. O barquinho está lá para sair quando quiser, mas você tem medo de enfrentar o mar – aquele traiçoeiro que pode te levar a tudo ou a lugar nenhum.

Quando se menos espera vem uma tempestade destruindo tudo o que foi construído durante anos. E junto com o porto, vai à esperança. Só resta o barquinho, agora meio destruído. Então, meio que arrastado e sem saída, você o pega e parte em busca de outro porto. Outro lugar. Qualquer lugar de abrigo, de refúgio ou de descanso. Outro porto. Vida nova.

Após algum tempo à deriva, com sede e fome, úmido e queimado devido à exposição ao sol, avista um novo porto. Chega nele sem expectativa, com o coração doendo ainda por ter perdido tudo anteriormente. Será que não acontecerá tudo novamente? Será que aqui não haverá fortes tempestades? Alguns com medo dos “serás” da vida, continuam à deriva, sendo levados pelas ondas do mar. Sem rumo; soltos, perdidos; arrastados, levados. Os mais corajosos cautelosamente atracam seu barquinho. O medo ainda toma conta. Entretanto, melhor terra firme do que viver no mar! E assim você recomeça, constrói tudo outra vez, faz tudo novamente. E, como já sabe sobre as tempestades, previne-se, reforça tudo.

Depois de algum tempo seu porto vira uma fortaleza. Você descobre que as tragédias no porto anterior não foram em vão. Você poderia ter sido mais cauteloso, mais responsável, mas não importa mais... Agora ali é seu lugar e aquele lugar é melhor que o antigo porto. E descobre que não estava pronto, tinha que ter passado pela tempestade para agir melhor agora, para viver melhor agora. Assim, você agradece à tragédia. Você é forte agora de uma maneira que nenhuma agitação violenta da atmosfera será forte demais, nenhuma chuva, ou vento, ou granizo, ou trovões, temporais ou procelas. Você é forte agora e não existe tempestade no mundo que te destruirá.

E você aprende que grandes impérios são destruídos por fraquezas internas, e não por forças externas. E o barquinho estava lá...era um barquinho, meio gasto, meio tosco, mas estava lá e era meu.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Inverno

Esse inverno meio-termo. Morno... Ah, não! É inverno? Então, quero um inverno bem definido. Quero baixas temperaturas. Não quero calor e clima quente de verão. Quero inverno com as suas características. Quero inverno rigoroso. Quero chuvinhas geladas. Ventinho frio batendo no rosto e deixando meu nariz vermelho e bochechas rosadas. Quero colocar mil blusas de frio, mil calças e botas e cachecóis e toucas. Se você for pássaro pode migrar para regiões mais quentes, que ficarei aqui. Se for urso vá hibernar. Por que estou pra frio e neve, chuvas e geadas. Estou para filmes – qualquer que seja –, lareira, pipoca, chocolate, cobertor... e claro, meu amor. Não cresci para sentir o morno, o mais ou menos, ou está quente ou frio. Nada de outono ou primavera. Sem meio termo. Ou você mergulha de cabeça, roupa e tudo; ou você sai da margem.

Nada contra o verão. Nada contra temperaturas elevadas, dias longos demais e noites pequenas. Estou para inverno. E deixa fazer frio lá fora, não importa, aqui dentro é quente, ferve, borbulha. Aqui dentro tem beijos, abraços, laços, fitas, amaços e presentes e chocolate quente.

Não importa quem você amou ou quem magoou no verão. O importante é o que faz após isso. O que faz no inverno. Sofra no verão, ame no inverno. Não se culpe. Aprenda. Questione. Faça com que as queimaduras do sol sirvam de lição. Se ame... se perdoe, por favor! Surpreenda! A maioria acha tão mais fácil e cômodo julgar pelo que lhe convém do que buscar a verdade. Alguns se prendem no outono, outros na primavera. Não diga nada. Não explique nada. Pois sempre julgarão pelo o que ouviram e acreditarão no que não conheceram. Não importa qual seja a verdade, as pessoas vêem o que querem ver.

Ah, e agora, me dê licença. Não vou reclamar com o sol pelo sorvete derretido. Tchau, amigo, boa sorte na superfície. Não sou do morno. E o inverno lá fora, me chama!