"Somos donos de nossos atos, mas não donos de nossos sentimentos; Somos culpados pelo que fazemos, mas não somos culpados pelo que sentimos; Podemos prometer atos, mas não podemos prometer sentimentos. Atos são pássaros engaiolados, sentimentos são pássaros em vôo." Mário Quintana
Para cada pessoa há um porto seguro. Você chega devagar. Atraca seu barquinho e vive feliz por um tempo. Geralmente, se acomoda e acha que pra sempre será seu lugar seguro. Acha que morar ali é o bastante. Dessa forma, começa a construir uma vida confortável. É tudo perfeito. Aquele lugar tem tudo o que precisa, então você o ama. Pronto! Você tem seu pedacinho de mundo. E vive nele, cuida dele, se apega fortemente a ele. Como se aquilo fosse tudo. Fica tão acomodado que não percebe que poderia encontrar lugar melhor. O barquinho está lá para sair quando quiser, mas você tem medo de enfrentar o mar – aquele traiçoeiro que pode te levar a tudo ou a lugar nenhum.
Quando se menos espera vem uma tempestade destruindo tudo o que foi construído durante anos. E junto com o porto, vai à esperança. Só resta o barquinho, agora meio destruído. Então, meio que arrastado e sem saída, você o pega e parte em busca de outro porto. Outro lugar. Qualquer lugar de abrigo, de refúgio ou de descanso. Outro porto. Vida nova.
Após algum tempo à deriva, com sede e fome, úmido e queimado devido à exposição ao sol, avista um novo porto. Chega nele sem expectativa, com o coração doendo ainda por ter perdido tudo anteriormente. Será que não acontecerá tudo novamente? Será que aqui não haverá fortes tempestades? Alguns com medo dos “serás” da vida, continuam à deriva, sendo levados pelas ondas do mar. Sem rumo; soltos, perdidos; arrastados, levados. Os mais corajosos cautelosamente atracam seu barquinho. O medo ainda toma conta. Entretanto, melhor terra firme do que viver no mar! E assim você recomeça, constrói tudo outra vez, faz tudo novamente. E, como já sabe sobre as tempestades, previne-se, reforça tudo.
Depois de algum tempo seu porto vira uma fortaleza. Você descobre que as tragédias no porto anterior não foram em vão. Você poderia ter sido mais cauteloso, mais responsável, mas não importa mais... Agora ali é seu lugar e aquele lugar é melhor que o antigo porto. E descobre que não estava pronto, tinha que ter passado pela tempestade para agir melhor agora, para viver melhor agora. Assim, você agradece à tragédia. Você é forte agora de uma maneira que nenhuma agitação violenta da atmosfera será forte demais, nenhuma chuva, ou vento, ou granizo, ou trovões, temporais ou procelas. Você é forte agora e não existe tempestade no mundo que te destruirá.
E você aprende que grandes impérios são destruídos por fraquezas internas, e não por forças externas. E o barquinho estava lá...era um barquinho, meio gasto, meio tosco, mas estava lá e era meu.