quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Capítulo Qualquer

O sol estava se pondo e mais um dia indo embora. A praia estava linda e dessa vez era verão. Não havia muita gente, assim as coisas seriam mais fáceis. Sabia que ele estava lá nas pedras, podia senti-lo. Sabia o que deveria ser feito. Seguiria meu coração e dessa vez sem magoar ninguém.
Caminhava em direção a ele. Caminhava na direção do meu coração. Agora que me lembrava de tudo as lembranças contaminavam meu cérebro, cada pagina da minha vida surgindo, cada memória, minha e dele, apagada. Eu havia cometido muitos erros e ele escondeu isso de mim. Ele me amava. Não queria que me sentisse culpada. Sabia que ele estaria lá para me ajudar a superar e eu estaria por ele. A gente se amava e ninguém poderia apagar isso. Nem o tempo.
Tudo o que eu fazia era amá-lo. A verdade é que ele também me amava, talvez mais do que eu a ele.
O Ben não foi capaz de ficar ao meu lado quando meus defeitos foram surgindo, quando a maldição se instalou no meu coração, quando estava fraca. Não! Ele me deu duas chances e a terceira, ele disse que iria embora... E foi. Sem olhar para trás. Ele não entendia. Apesar de ser sempre bom e me ajudar, não tinha a menor idéia do que era se sacrificar por outra pessoa.
Eu só queria ser feliz. E seria possível ser feliz longe do Dante? Nem o Ben, nem ninguém fecharia o buraco enorme que ele deixou aqui dentro. A verdade é que eu o amaria para sempre.
Cheguei às pedras. Dante estava deitado com os braços cruzados atrás da cabeça. Ele se assustou quando me viu. Eu não sabia o que dizer, pelo menos como começar a dizer.
- Lana? - ele perguntou continuando exatamente como estava.
- Oi Dante.
- Você ainda consegue me sentir? Faz tanto tempo!
- Cada vez mais. Sinto a sua dor do mesmo modo como sente a minha.
- Nós chegamos tão longe... – suspirou.
- Realmente. Já vivemos. Já amamos. Já sofremos. Já choramos. Já pagamos todos os nossos pegados – eu o olhava da areia, ele continuava na pedra – Nós já fomos ao inverno e voltamos.
- É por essa e por outras coisas que não consigo te esquecer. É por tudo isso que você sempre será minha melhor amiga – Dante se sentou e olhava para mim – Se pelo menos me deixasse tentar pela ultima vez...
- Você não pode fazer mais nada. Agora está em minhas mãos. Só quero agradecer por tudo o que fez por mim. Obrigada por ter voltado e tentado. Obrigada por nunca ter desistido de mim – minha voz era um sopro.
- Nunca desistiria de você. Nem por um segundo...
- Por todos os erros cometidos. Por todas as palavras que eu não disse. Por todas as coisas que, até agora, não fiz. Hoje encontrarei um jeito. Eu prometo a você.
Dante desceu da pedra e me abraçou. Foi uma explosão perfeita. Choramos um no ombro do outro. Sentamos na areia de frente para o mar e nos beijamos. Ele passava a mão em todo o meu rosto, o desenhando, para nunca me esquecer, como sempre fazíamos quando estávamos juntos. Eu passava a mão no seu cabelo. Por que doía tanto amar o Dante? Por que machucava? Isso eu nunca conseguiria entender.
- Você é tudo o que sou – disse Dante.
- Nós podemos ter nossa vida de volta.
A noite caia. Dante segurou o meu queijo com delicadeza e olhou bem dentro dos meus olhos.
- O que você vai fazer?
- Apenas confie em mim.
- Não adianta Lana. Nós não fomos feitos para ficar junto. Fomos feitos para nos separarmos.
Dei-lhe um beijo carinhoso na bochecha, passei a mão no seu cabelo cumprido e me levantei. Eu tinha que colocar meu plano em prática. Eu tinha que me encarar para eliminar o que me tornei. Eu apagaria tudo e começaria novamente. Dessa vez, ele esqueceria tudo.

E lá estava eu. Ofegante, pés descalços, solitária. Tentando voltar aonde tudo havia começado. Tentava voltar para casa. Por dentro estava tudo diferente. O amor era a única coisa que me deixava mais forte e mais fraca ao mesmo tempo.
Decidi me jogar do penhasco e tentar tudo outra vez. Eu não temia a altura e nem o que aconteceria quando chegasse lá embaixo.
De repente comecei a sentir medo. A vontade de voltar atrás era intensa, mas eu olhava as cicatrizes e isso me fez seguir em frente.
Então me jogo. Pés descalços, braços abertos, ofegante. Coração partido, porém aberto. Agora sem medo. Sem hesitar. Foi a minha escolha e, no final, valeria à pena. Valeria à pena porque na primeira vez pude ver coisas maravilhosas. Eu não queria mais viver nesse mundo. Um mundo sem graça quando não se tem alguém por quem sofrer, por quem amar e eu queria amar. Eu queria amá-lo.
Dante também não queria ficar só. Eu não queria que nos tornássemos como aqueles que vivem se equilibrando numa corda. Ambos éramos mocinhos e vilões ao mesmo tempo. Não existia antagonismo - preto e branco, bom ou mal. Existem seres humanos. Seres humanos que vacilam, cometem erros, tem receios e dúvidas.
Às vezes esperamos que alguém nos dê aquilo que não possuí. Eu percebi que o Dante me deu mais do que tinha. E ele sempre descobrindo que precisava da minha ausência para querer a presença. Tudo muito errado. Tudo tarde demais.
Eu esqueceria as dores passadas, os momentos perdidos e as coisas que nunca me pertenceram. Era um salto na escuridão. Mas, no final, cuidaríamos um do outro na escuridão. E eu sei que ele me abraçaria, ficaríamos salvos, pois estaríamos juntos na escuridão. Sempre teríamos um ao outro na escuridão.
Não sei se foi real ou imaginação, mas a última coisa que pude escutar foi:
- Lana não!

4 comentários:

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  2. Eu entendo esse texto... Apesar de ser um tanto quanto triste, gostei...

    A vida é feita de escolhas, e escondidinho à escolhas, encontra-se nossa felicidade ou nossa tristeza... Contudo, só cabe a nós a encontrarmos a melhor resolução.

    Flor da minha vidaaaaaa... Amo vc!!!!

    E amo seus Textos....huahuauhauha
    Sou sua fã...kkkk
    beijinhos

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  3. nhai!!!
    sua chata!!
    cadê a continuação?!?!
    rsrsrsrs
    Adorei!!! Mas quero o antes e o depois!!!

    =)

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